segunda-feira, novembro 15, 2004

Diversidade cultural: o visível e o invisível nas culturas.

Provavelmente, é pelos sentidos, e entre estes sobretudo pela visão, que melhor nos apercebemos das diferenças culturais. A cultura de um povo espelha-se no seu modo de vida – se é típica, com clareza a percepcionamos; se não é típica, é com muito mais dificuldade que a descobrimos.
Chegar a Hong-Kong por avião, desembarcar no enorme aeroporto (considerado nos últimos anos como o melhor aeroporto do mundo), não constitui, apesar de estarmos na Ásia e nesse “melhor” aeroporto do mundo, uma experiência cultural nova. Em qualquer grande aeroporto (Londres, Frankfurt, Paris, New York) encontramos o mesmo ambiente. O que é visível não é característico. Quando, horas mais tarde, mergulharmos em certas áreas da cidade que é Hong-Kong, os nossos sentidos aperceber-se-ão das diferenças culturais; e se passarmos para além da cidade e visitarmos locais do interior da China, ainda mais fortemente essas diferenças se afirmarão.

Há, portanto, uma visibilidade nas culturas quase indispensável para as podermos entender.

E para além do visível? Não haverá traços invisíveis, dependentes da cultura, que em certos momentos determinarão actos visíveis – mas se escondem de nós, porventura ciosos da sua intimidade? Permanecendo na Ásia, não será a celebrada “paciência do chinês” um dado cultural, escassamente visível, mas claramente existente?

Não podemos, nem devemos, generalizar – mas creio que estes aspectos, ou seja, do que é visível e invisível nas culturas, merecem alguma atenção dos educadores e podem (ou devem?) ser tidos em atenção nos currículos escolares.

Quando pensei em introduzir esta rubrica no programa da disciplina, devo confessá-lo, não tentei qualquer busca sistemática na Internet; mas agora, ao fazê-lo, verifiquei que o Google me indicou 472 000 páginas em que os três termos (visível, invisível, cultura) se interligavam. Mais: aprendi que desde 1998 existe uma revista electrónica, intitulada Invisible Culture – A Electronical Journal for Visual Culture (aceda "clicando").
Fiz, na aula de sexta-feira passada, um desafio, o de pensarem um pouco sobre o tema. Mantenho-o, acrescentando que seria interessante alguma pesquisa na Net, para além de visitarem a Revista.