sábado, outubro 08, 2005

4 definições de Currículo

1. " conjunto de todas as experiências que o aluno adquire, sob a orientação da escola" (Foshay,1969:275 ).
2. "engloba todas as experiências de aprendizagem proporcionadas pela escola" ( Saylor, 1966:5).
3. " modelo organizado do programa educacional da escola e descreve a matéria, o método e a ordem do ensino - o que, como e quando se ensina" ( Phenix,1958:57 ).
4. " série estruturada de resultados de aprendizagem que se têm em vista. O currículo prescreve ( ou, pelo menos, antecipa) os resultados do ensino; não prescreve os meios" ( Johnson, 1977:6)

Definitivamente, as duas primeiras vêm ao encontro da ideia do professor Varela ( que eu corroboro), quando diz que Currículo " ...é tudo o que acontece na escola ".

Penso só que deveremos ter em conta os " três conceitos gerais "de Currículo: Formal, informal e oculto .
Mesmo no currículo escolar estes três conceitos estarão bem presentes.



Me Deixe Aprender

Me deixe falar
Eu quero dizer
Estou neste mundo
Preciso aprender

Não me ponha limite
Mas abra os caminhos
Necessito crescer
Sair do meu ninho

E não é por querer sair
Que vou esquecer quem sou
Eu tenho raiz
Mas por outra vereda vou

E respeitar meu amigo
Que mora ao lado
Talvez não entenda sua língua
Mas através de sinais
Identificar teu afago

E por favor
Me deixe falar
Eu quero dizer
Estou neste mundo
Preciso Aprender...

sexta-feira, outubro 07, 2005

comentário sobre currículo, cultura e competência cultural

Não podemos dissociar os termos/conceitos de currículo, cultura e competência cultural uma vez que estão interligados e complementam-se.

O ritmo acelerado do desenvolvimento e das diferentes culturas influenciam todos os sectores da sociedade, incluindo, naturalmente, o sistema educativo. No dizer de Freitas (1998, p.72) “tal como o país, a educação mudou. O sentido dessa mudança parece claramente positivo”. Constatamos deste modo a necessidade de aproximar a escola das diferentes culturas (e respectivas “formas” de cultura) incutindo em todos os intervenientes uma maior e melhor competência cultural. Este é um dos objectivos do sistema educativo português traduzido no actual currículo do Ensino Básico.

O currículo deverá deste modo ser entendido e trabalhado tendo em conta a diversidade dos alunos, recorrendo-se a práticas que permitam e facilitem o intercâmbio de saberes. A este respeito Leite (1996) refere que o desenvolvimento do currículo, atendendo a um contexto multicultural, terá como base a centralidade no aluno(s), cuja estrutura parte das experiências vividas pelos mesmos, estimulando, favorecendo e valorizando a construção participada do saber, do espírito crítico, do debate de ideias e do respeito pelo outro.

A escola é um espaço privilegiado de aproximação entre a “cultura do meio” e a “cultura escolar”. Segundo Pacheco (2000, p.17) “trata-se de legitimar curricularmente a cultura popular do quotidiano dos alunos, dos seus saberes, dos seus contextos e dos seus problemas sociais”.Segundo Correia (2000) reforça esta ideia dizendo que é importante não só conhecer o aluno mas também os seus ambientes de aprendizagem. Falar de diversidade é falar de adequação pedagógica e, consequentemente, de adequação curricular que permita ter em conta as características e necessidades dos alunos e respectivos ambientes de aprendizagem, construindo o plano curricular na perspectiva da motivação, responsabilização e sucesso escolar.
A este respeito refere Freitas (1998, p.65) “ Em termos de Organização curricular, e assumindo que Curriculum não é apenas o conjunto das disciplinas leccionado na escola, mas tudo que a escola promove em termos de sucesso de ensino-aprendizagem dos alunos”. Assim, a qualidade e a fiabilidade do ensino estão dependentes da competência profissional dos professores e da sua capacidade para atingir os objectivos que conduzam a uma melhoria da qualidade do ensino aprendizagem. O professor deverá ser um inovador ou um inventor, reconstruindo o ensino, de modo a este ser concebido em simultâneo como uma ciência e uma arte. A arte do professor expressa-se pelo seu desempenho.
(Texto que me foi solicitado publicasse da autoria de Maria Jorge)

quinta-feira, outubro 06, 2005

A Cultura

A Cultura está relacionada com as diferentes manifestações de um povo, transmitidas de geração em geração, através das vivências e experiências que o indivíduo apresenta, como sendo a identidade desse mesmo povo.

A Cultura sofre constantemente modificações, por ser acumulativa e adaptativa, pois vai-se modificando, perdendo e aumentando os aspectos mais adequados à sobrevivência e que correspondem às necessidades do Homem.

Assim sendo, a Cultura é a totalidade complexa, constituída por conhecimentos ou capacidades adquiridas pelo homem, enquanto membro de uma sociedade. Toda a cultura é singular, geograficamente ou socialmente localizada e é transmitida pelas tradições, modificadas em função do contexto histórico.

Comentário individual à citação de Eduard T. Hall
“Cultura é de facto uma prisão a não ser que se saiba que há uma chave para se sair dela (…)”.

A Cultura resulta de um conjunto de saberes adquiridos e transmitidos por símbolos, modelos, a cada indivíduo. Assim, o homem torna-se dependente da cultura, uma vez que se adapta ao meio agindo em substituição; por exemplo, em relação às mudanças atmosféricas, posso dizer que a evolução cultural é superior à biológica, uma vez que não se desenvolve pelagem ou camada de gordura, mas sim o tipo de vestuário.

Em suma, concluo que a cultura é a “bússola”, que orienta e segue a sociedade, ou seja toda a cultura é socializada, porque não existe nenhuma sociedade que não possua a sua cultura.




Sofia Raquel Dourado da Torre
Data: 6 de Outubro de 2005

Reconhecer o que é inerente à nossa cultura

“...cultura inclui tudo o que existe na sociedade, produto do homem: artefactos, atitudes e valores.” (in O significado de cultura)

Conhecer a nossa cultura, conhecer o que nos distingue e nos assemelha dos outros seres, conhecer o que nos é próprio e nos identifica, é caminho fundamental ao crescimento e construção do futuro para cada individuo, grupo ou sociedade.

Muitas vezes não temos capacidade de reconhecer quais os “artefactos, atitudes e valores” específicos da nossa própria cultura pois eles fazem parte inerente do nosso viver. Esses artefactos preenchem o espaço que ocupamos: estão dentro das nossas casas, das nossas gavetas, estão pendurados nas nossas paredes e em cima das nossas mesas... Fazem de tal modo, parte da nossa vida que os nossos olhos já não se surpreendem nem distinguem a sua raiz cultural.

O mesmo sucede com as nossas atitudes e valores. Estas são aquilo que nos somos. São o que nos permite emocionar ou racionalizar um acontecimento. São o que nos faz estabelecer prioridades e definir escolhas a curto e longo prazo na nossa vida. Na verdade, são os nossos valores pessoais e culturais que orientam as nossas atitudes no que consideramos certo ou errado, bom ou mau.

No entanto, ao conhecermos outras culturas, ao experimentarmos outros artefactos, ao observarmos outras formas de experiênciar os objectos, os espaços, as emoções, as relações, as atitudes, os valores, ao vermos outras paisagens e outras realidades, fazemos caminho no conhecimento da nossa própria cultura reconhecendo de forma natural o que a distingue das outras.

Valorizando e conhecendo culturas distantes ou próximas, reconhecendo as suas riquezas e unicidades, estamos a valorizar e conhecer a nossa própria.

Daí a importância do currículo contemplar, não apenas o que diz respeito à cultura própria da população escolar a que se refere, mas também a criação de espaços onde a confrontação de diferentes culturas e sub-culturas possa levar a um maior conhecimento e enriquecimento dessa mesma população.

(Este texto é da Susana, que me solicitou colocá-lo no blog há dias; mas só hoje li a sua mensagem)

terça-feira, outubro 04, 2005

Dia Mundial do Professor

Orgulho-me de ser professor e de todos os meus professores. Tive-os muito bons e ..alguns menos bons. Mas deixem que partilhe esta minha sensação convosco: os meus primeiros professores foram o meu pai e a minha mãe. Sim, acreditem...ensinaram-me a falar, a andar, a brincar, a respeitar os meus irmãos, a amar o meu país, a respeitar e amar aqueles que eram nossos vizinhos, a não gastar muito dinheiro, a estudar quando fomos para a escola. É verdade! Depois vieram os " outros " professores que me ensinaram a ler, escrever, contar. Mais tarde alguns ensinaram-me a tocar um instrumento, outros ensinaram-me a História , a Filosofia, outros ajudaram-me a fazer desportos...Agora , tenho ainda alguns professores que me ajudam a ser melhor professor, que ajudam a programar as minhas actividades que me fazem meditar sobre a " Docência "e tudo o que lhe diz respeito. Acreditem que eu gosto dos meus professores.
Realmente é bom ter tido e ainda ter bons professores. Estou grato a todos! Mas, não posso deixar de o dizer: os primeiros professores dos meus filhos fui eu e a minha esposa ( modéstia aparte). Ou teremos sido os primeiros "educadores" ?
Desta pequena reflexão só pode resultar uma conclusão: só há Educação
quando os pais também se " casam " com a escola e quando eles fizerem o que lhes está consagrado moral e institucionalmente: Educar os seus filhos. Assim, o professor terá o Tempo, a disponibilidade, o prazer e a alegria de amar os seus alunos ensinando-os...

segunda-feira, outubro 03, 2005

O Eclipse de 3 de Outubro… Reflexão sobre Cultura e Competência Cultural


A reflexão sobre o texto “A propósito do conceito de currículo… O eclipse de 3 de Outubro” publicado pelo Prof. Varela, ontem aqui no blog, motivou esta minha primeira publicação.

Acordei às 9:00 am para poder ver o eclipse anular do Sol. Surpreendi-me quando coloquei os óculos para observação solar e vi que a passagem da Lua entre o Sol e a terra já tinha iniciado! Liguei o rádio, estavam a falar sobre o eclipse, liguei a televisão e vi que três dos quatro canais portugueses estavam a transmitir imagens do eclipse e entrevistas a observadores!
Pensei: Mas que competência cultural!

Grupos de profissionais ligados à astronomia organizaram observações públicas do eclipse um pouco por todo o país (Bragança, Porto, Lisboa), proporcionando às pessoas que se deslocaram até esses locais uma aprendizagem pela experiência. Escolas de todos os níveis de ensino participaram nestas observações organizadas ou criaram nos seus recintos observações acompanhadas por grupos de professores. Mas não só quem pode fazer tais deslocações obteve conhecimento sobre o Eclipse Anular do Sol! Organizaram-se também sistemas de divulgação desse conhecimento através da televisão e rádio. Tudo isto permitiu efectivamente situações inter-culturais.

O meu conceito de cultura e competência cultural, são os que apresento como “conclusão” desta reflexão.
Cultura: consequência de um conjunto de conceitos, símbolos, valores, comportamentos e atitudes que têm como finalidade criar um sistema contínuo e aberto de transmissão e criação de conhecimento.
Competência Cultural: capacidade de pôr em prática, de forma organizada, a transmissão de cultura através de situações inter-culturais.

domingo, outubro 02, 2005

A propósito do conceito de currículo… O eclipse de 3 de Outubro

Acabo de saber, por um dos jornais da televisão, que várias escolas levaram os seus alunos ao santuário de S. Bartolomeu, em Argozelo, no distrito de Bragança, para que possam ver o eclipse anular do sol de amanhã. Um dos professores salientava que para além de verem o eclipse, estavam programadas actividades relacionadas com as estrelas que iam ser vistas de noite, penso que palestras, também.
Bom: estas actividades são um bom, um excelente desenvolvimento do currículo. Não foi preciso estar escrito no programa, só foi necessário que a escola (professores) decidisse tirar partido do que acontece para promover experiências de aprendizagem significativas nos seus alunos. Estas escolas entenderam, e muito bem, qual o seu papel. Não sei, nem cuido de saber, se pediram autorização aos serviços do Ministério da Educação; em meu entender, tinham justificação mais do que suficiente para exercerem a sua autonomia.
Creio que este exemplo (actual) justifica a minha noção de currículo: tudo o que a escola organiza no sentido de promover experiências de aprendizagens para o desenvolvimento dos seus alunos. A escola não organizou o eclipse, mas aproveitou da melhor maneira a sua existência.